Café com seu dinheiro: 01/10/2025

Mercados oscilaram entre o **shutdown nos EUA**, dívida alta e sinais de desaceleração no Brasil, somados a crises locais como caos no Santos Dumont, casos de metanol e a Oi à beira da falência.

Resumo de hoje:

  • 🇺🇸 Shutdown americano e seus impactos globais

  • 💰 Dívida brasileira e risco da bola de neve

  • 📉 Mercado de trabalho com sinais de desaceleração

  • ✈️ Caos no aeroporto Santos Dumont e custo da infraestrutura

  • 🥃 Intoxicação por metanol e efeitos econômicos na saúde pública

  • 🏛️ Congresso e a tentativa de ampliar deputados barrada pelo STF

  • 📱 Crise da Oi e risco de falência da operadora

Ontem os mercados globais fecharam em leve alta, mesmo com o susto com a confirmação do shutdown do governo americano à noite, que paralisa parcialmente as atividades federais e pode custar cerca de US$ 400 milhões por dia. Esse impasse já é o 15º desde 1981 e traz incerteza sobre a economia mundial, mas as bolsas se recuperaram ao longo do dia. No Brasil, o Ibovespa e o dólar ficaram no zero a zero, enquanto a dívida pública segue elevada em 77,5% do PIB e o mercado de trabalho começa a dar sinais de desaceleração, com a taxa de desemprego parada em 5,6% e a primeira queda no número de ocupados após seis altas seguidas.

Além disso, o dia foi marcado por fatos domésticos relevantes: o caos no aeroporto Santos Dumont paralisou voos e expôs a fragilidade da infraestrutura; casos de intoxicação por metanol levantaram alertas de saúde pública; o Congresso viu sua tentativa de ampliar o número de deputados ser barrada; a Polícia Federal abriu inquérito contra o Banco Master; e a Oi entrou em nova crise, com risco de não sobreviver financeiramente além de nove meses. Um retrato claro de como política, saúde, empresas e infraestrutura se entrelaçam com o dia a dia da economia e impactam desde investidores até o consumidor comum.

1. 🇺🇸 O shutdown americano e o reality show do Congresso

Imagine que você está numa festa e alguém resolve desligar a luz, cortar o som e ainda levar os salgadinhos embora. Foi o que aconteceu nos Estados Unidos: o governo entrou em shutdown. Ou seja, paralisação parcial porque Congresso e Casa Branca não chegaram a acordo sobre o orçamento.

Essa não é a primeira vez: desde 1981 já foram 15 paralisações. A atual deve custar US$ 400 milhões por dia, deixar 750 mil servidores sem trabalho (em casa, mas pagos) e suspender dados econômicos, pesquisas científicas e até salário de militares. Um baita prejuízo não só financeiro, mas reputacional.

Na madrugada, os futuros da bolsa chegaram a cair 1%, no pregão asiático, mas de manhã já se recuperam parcialmente, após registrar alta do S&P 500 de 0,41% ontem. A mensagem é clara: por mais que o Congresso americano pareça um episódio de House of Cards, os investidores ainda acreditam na recuperação. Mas cuidado: se o impasse durar muito, o efeito pode se espalhar pelo mundo inteiro. 🌎

2. 💰 A dívida brasileira e a bola de neve

Enquanto isso, no Brasil, a dívida bruta parou em 77,5% do PIB em agosto. Parece estável, mas o fantasma do endividamento continua. O problema é que o governo gasta mais do que arrecada, mesmo sem contar os juros. A cereja do bolo: só os juros da dívida, com a Selic em 15%, custam cerca de 12% ao ano.

Nesse mês, a conta não explodiu porque tivemos ajuda de fatores pontuais: resgates de operações compromissadas e a queda de 3,1% do dólar frente ao real, o que aumentou a receita do BC com swaps. Mas isso é como usar band-aid em ferida de facão: resolve no curto prazo, mas não cura o problema.

Se a dívida continuar subindo, mais gasto com juros, mais risco de inflação. É o efeito bola de neve: quanto mais cresce, mais difícil segurar.

3. 📉 Mercado de trabalho brasileiro: sinal amarelo

A taxa de desemprego parou em 5,6% entre julho e agosto, quando o mercado esperava queda para 5,5%. Pode parecer detalhe, mas já acende luz amarela. O número de ocupados caiu 0,12%, a primeira baixa depois de 6 altas seguidas.

Isso mostra que o mercado de trabalho pode estar chegando no seu limite de aquecimento. Menos vagas novas, crescimento estagnado e risco de desaquecimento na economia real. Para quem vive fora do “mercadão financeiro”, isso significa: seu vizinho pode começar a reclamar que não está conseguindo trocar de emprego fácil como antes.

4. ✈️ O caos no Santos Dumont e o custo da infraestrutura

Carioca raiz já sabe: basta uma chuvinha ou acidente e o Rio trava. Mas ontem foi além: um vazamento de óleo fechou a pista do Santos Dumont o dia inteiro. Resultado: 162 voos cancelados, 14 desviados para o Galeão e milhares de passageiros estressados.

O impacto vai além do transtorno: cada voo cancelado significa custo extra para companhias, hotéis, restaurantes e motoristas de aplicativo. Imagina a economia do turismo local num dia de pane: perde todo mundo. E aqui vem o paralelo com o macro: a infraestrutura do Brasil ainda é gargalo para crescimento. Se falta manutenção em um aeroporto estratégico, como sonhar com PIB mais forte?

5. 🥃 Metanol, saúde e economia subterrânea

Outro assunto que pegou o noticiário foi a tragédia do metanol em bebidas adulteradas. Foram 10 casos confirmados em SP, com 5 mortes. Para se ter ideia, a média do país é de 20 casos por ano inteiro. Só em setembro já tivemos metade disso.

O problema é que o consumidor não consegue diferenciar etanol de metanol sem teste de laboratório. Ambos são incolores, inflamáveis e com cheiro parecido. O impacto econômico vem em várias frentes: gasto extra do SUS, perda de confiança em bares e pequenos comerciantes, e até mais espaço para contrabando e mercado ilegal. O barato sai caro — e no limite, custa vidas.

6. 🏛️ Congresso e a novela dos deputados a mais

O Congresso tentou aumentar o número de deputados de 513 para 531. Lula vetou. O STF carimbou que, se for para mudar, só vale a partir de 2030.

Parece pouca coisa, mas cada deputado significa gabinete, assessores, estrutura e custo para o pagador de imposto. A ideia era ajustar representatividade de alguns estados que cresceram de população. Mas na prática, o contribuinte só vê mais gasto e pouca entrega. É como aumentar o time de futebol sem contratar bons jogadores: o campo fica cheio, mas o jogo não melhora. ⚽

7. 📱 Oi em pane: a novela das teles brasileiras

E por fim, a Oi voltou ao noticiário. Ontem a Justiça decretou intervenção, afastando gestores e antecipando medidas de falência. A empresa, que já foi gigante da telefonia, hoje projeta fluxo de caixa de R$ 21 milhões no fim do mês, mas pode ficar R$ 178 milhões negativo em outubro.

Os maiores acionistas são justamente antigos credores, como o fundo PIMCO, dono de 36%. O relatório da Justiça aponta que a companhia só tem caixa para 9 meses. Se nada mudar, teremos mais uma novela corporativa, que lembra os velhos tempos de estatais mal geridas e planos de recuperação que não recuperam nada.

Para o consumidor, a pergunta é: será que vale a pena continuar cliente de uma empresa que pode não existir em menos de um ano? 📞

🎯 Conclusão

A economia, no fim das contas, é como um tabuleiro de xadrez. Os movimentos que parecem pequenos — um shutdown nos EUA, uma pista interditada no Rio, uma bebida adulterada em SP — acabam mexendo com empregos, inflação, confiança e até humor das pessoas.

Enquanto o mundo observa o embate político americano, o Brasil continua lidando com seus velhos desafios: dívida alta, trabalho dando sinais de cansaço, infraestrutura precária e empresas em dificuldades.

Mas calma: informação é poder. Se você está lendo isso, já saiu na frente. O resto é saber tomar boas decisões — de investimentos, de consumo e até de qual voo você vai comprar da próxima vez.

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Até amanhã