Café com seu dinheiro: 03/08/2025

O dia que o brasileiro acordou sem acesso à poupança, apoiou a medida, mas viu tudo desmoronar com a inflação e a corrupção.

“Vocês não contavam com a minha astúcia”, já diria a lenda Roberto Bolaños interpretando Chapolin. Vocês não esperavam essa edição de domingo, eu sei. Mesmo sem mercado aberto, tem muita história para contar num final de semana, principalmente nesse frio congelante de SP (cariocas congelam em temperaturas abaixo dos 20 graus).

Por isso, sempre quando der na telha, aparecerei em vossas caixas de e-mails com histórias curiosas sobre economia, finanças e negócios, com base na minha série no instagram que já passa das 3 milhões de visualizações: “Fofoquinhas Econômicas”

Dessa vez, teletransportarei vocês para o ano quando o brasileiro teve seu dinheiro congelado pelo governo e, pelo incrível que pareça, apoiou essa insanidade, mas o motivo não era óbvio. Algo que hoje, felizmente, não sofremos como no passado. Sente-se, pegue seu café, e deleite-se com essa história peculiar do nosso querido Brasilzão.

Edição de Domingo:

  • O Plano Collor congelou a poupança dos brasileiros em 1990 numa tentativa desesperada de conter a hiperinflação, teve apoio inicial pela queda nos preços, mas acabou em frustração, escândalo e impeachment.

🗞️ Quando o Brasil congelou a poupança — e o povo... aplaudiu (pelo menos no começo)

Prepare-se: hoje o assunto é um daqueles capítulos da história econômica brasileira que parece inventado, mas foi 100% real. Uma mistura de novela política com drama financeiro — estrelando um presidente recém-eleito, uma população traumatizada pela inflação e... o congelamento das poupanças.

📜 Collor, o primeiro eleito — e o país em ebulição

Fernando Collor de Mello não era apenas mais um presidente: ele foi o primeiro eleito por voto direto após a ditadura militar. Isso aconteceu em 1989, na primeira eleição presidencial com participação popular em 29 anos.

Antes dele, tivemos Tancredo Neves, eleito em 1985 por via indireta — ou seja, sem voto popular. Só que Tancredo morreu antes mesmo de tomar posse. Quem assumiu foi o vice, José Sarney, que herdou o cargo e uma bomba-relógio chamada hiperinflação.

O Brasil vinha, desde 1982, patinando num cenário econômico caótico, com inflação galopante e perda total de previsibilidade. Em 1989, o último ano antes do Plano Collor, o país fechou com uma inflação de incríveis 1.782% ao ano. Era o equivalente a comprar um quilo de arroz em janeiro e, em julho, estar precisando de um financiamento pra comprar outro.

💣 O choque: confisco das poupanças

Diante desse cenário, Collor assumiu o governo em março de 1990 como o “caçador de marajás” — mas o verdadeiro inimigo era a inflação. E, no seu primeiro pacote econômico, o Plano Collor, ele surpreendeu o país com uma medida radical: o bloqueio de contas correntes e poupanças acima de 50 mil cruzados novos (cerca de R$ 6 mil hoje).

O objetivo? Retirar rapidamente o excesso de dinheiro de circulação, sufocar a inflação e tentar estabilizar a economia de forma abrupta. Quem tinha mais que o limite acordado só poderia acessar o valor 18 meses depois, com correção.

Foi um susto nacional. Imagine abrir seu extrato e descobrir que o governo “trancou” o seu dinheiro? Pois é. Isso aconteceu. E legalmente.

📉 A inflação caiu. E o povo... apoiou (!)

Surpreendentemente, a tática inicial funcionou: a inflação mensal despencou de 82% em março para 9% em abril. Uma redução drástica. O brasileiro, cansado de ver o salário evaporar antes do final do mês, sentiu um alívio.

E mais: segundo o DataFolha, 72% da população apoiou o plano, mesmo tendo sofrido o confisco das suas economias. A ideia de que o Brasil, finalmente, estava enfrentando a inflação de frente gerou uma onda de esperança. Por um breve momento, acredite, o confisco teve mais popularidade que o próprio presidente teria depois.

⌛Mas a lua de mel foi curta...

Com o tempo, o que era esperança virou frustração. A inflação voltou a dar sinais de vida, a economia não decolava, e as medidas de austeridade não tinham sustentação. Sem reformas estruturais, o Plano Collor foi perdendo força — e, junto com ele, a aprovação do presidente despencou.

A gota d’água veio em 1992, quando surgiram denúncias de corrupção envolvendo PC Farias, tesoureiro da campanha de Collor. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) revelou um esquema robusto de desvios de recursos e favorecimentos.

O movimento dos “caras-pintadas” tomou as ruas, a pressão popular aumentou, e o Congresso reagiu: Collor sofreu impeachment em dezembro de 1992. O fim do mandato veio não por causa do plano econômico, mas por causa da política... e da ética.

🎯 O que aprendemos com isso?

O Plano Collor foi uma resposta extrema a uma crise extrema. Por um momento, a população apoiou até o confisco da poupança, desde que isso trouxesse paz econômica. Mas, como quase toda solução de curto prazo, o efeito foi passageiro — e a confiança pública, uma vez quebrada, não se recompõe com indexador.

A inflação é um fantasma que assombra a vida das pessoas, especialmente dos mais pobres. Mas quando a solução vem sem preparo, sem reformas e sem transparência, o remédio vira veneno.

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Até amanhã