Café com seu dinheiro: 06/06

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Resumo de hoje:

• 💵 Dólar no chão e Ibovespa no compasso da política

• 📈 Juros podem subir mais?

• ⚔️ Lá fora: Musk x Trump, comércio em queda e avanços na saúde

Ficou com saudade do café? Tiivemos um problema com o processo de torra, o que impossibilitou que ele saisse fresquinhho pra você.

Ontem foi dia de alívio no câmbio: o dólar comercial fechou em R$ 5,58, atingindo o menor patamar dos últimos oito meses. Esse movimento de queda foi impulsionado por um fator externo com grande peso: a retomada do diálogo entre China e Estados Unidos sobre tarifas comerciais e minerais de terras raras. A sinalização de cooperação entre as duas maiores economias do mundo trouxe otimismo aos mercados, pois abre espaço para maior estabilidade no comércio global.

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E por que isso importa? Porque esses minerais são vitais para a indústria de tecnologia e automóveis elétricos, sendo usados em motores, baterias, sistemas de direção e freios. Quando dois gigantes que controlam boa parte dessa cadeia sentam à mesa, o mercado respira com mais confiança. Para o Brasil, que exporta muito para a China e se beneficia de commodities valorizadas, esse tipo de notícia traz uma combinação positiva: dólar mais baixo, ambiente externo mais previsível e menor pressão inflacionária via importados.

Por outro lado, enquanto o câmbio trazia boas notícias, o Ibovespa recuava 0,56%, encerrando o pregão na faixa dos 136 mil pontos. A queda reflete um certo desconforto com o cenário político doméstico. Uma pesquisa eleitoral recente mostrou Lula empatado com nomes da direita em um eventual segundo turno, o que aumenta a percepção de polarização e imprevisibilidade no médio prazo. Para o investidor, isso levanta uma bandeira amarela: quanto mais nebuloso o cenário político, mais difícil fica projetar o rumo da economia e das reformas estruturais.

A lógica é simples: mercado financeiro gosta de previsibilidade. Quando não sabe quem vai comandar o país ou qual será a orientação da política econômica, o investidor tende a segurar o dinheiro — ou tirá-lo do risco.

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O que já era um medo, agora começa a ganhar forma concreta nos relatórios dos analistas: o mercado já fala abertamente na possibilidade de uma nova alta da Selic, levando os juros básicos para 15% ao ano até o fim de 2025. Embora o ciclo de aperto monetário parecesse encerrado, a inflação persistente — especialmente em serviços e alimentos — combinada com dúvidas sobre a responsabilidade fiscal do governo reacenderam as apostas em mais um ajuste para cima.

Nesse contexto, o Banco Central pode adotar uma postura mais dura (hawkish), mesmo com o crescimento da economia desacelerando. A lógica do BC seria a de não arriscar perder o controle da inflação agora para não ter que subir ainda mais os juros no futuro. Ou, como diz o velho jargão do mercado: “melhor errar pelo excesso de cautela do que pela omissão”.

Para o investidor conservador, essa notícia é um presente: títulos públicos, CDBs e fundos de renda fixa se tornam ainda mais atrativos com juros altos. Mas para quem investe em ações — especialmente empresas de varejo, construção civil e tecnologia — o impacto é negativo. Juros altos encarecem o crédito, reduzem o consumo e dificultam o crescimento de empresas que dependem de capital para expandir. É um clássico efeito dominó no mercado acionário.

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Nos Estados Unidos, o foco não foi exatamente o Fed nem os dados macroeconômicos — e sim uma tensa troca de acusações entre Elon Musk e Donald Trump. O ex-presidente ameaçou cancelar contratos bilionários do governo com empresas ligadas a Musk, como a SpaceX, enquanto o bilionário reagiu dizendo que poderia desligar a nave Dragon, usada em missões da NASA. O conflito público entre duas figuras influentes causou um verdadeiro terremoto nas ações da Tesla, que despencaram 14% em um único pregão — a maior queda desde 2022.

Esse tipo de episódio gera um efeito psicológico forte: o investidor começa a ponderar os riscos não apenas operacionais ou financeiros da empresa, mas também os riscos políticos e de reputação. Quando o CEO está no centro de uma disputa com um possível futuro presidente dos EUA, o desconforto se espalha rapidamente.

E tem mais nos bastidores do cenário americano:

• As importações dos EUA encolheram 16% em abril, num reflexo direto da política de tarifas e protecionismo. O déficit comercial recuou para o nível mais baixo desde 2023, um indicativo de que a estratégia de restringir importações pode estar funcionando. Mas isso também mostra uma desaceleração na atividade econômica interna, o que pode preocupar.

• Em contrapartida, uma notícia animadora no campo da saúde: a FDA (a Anvisa dos EUA) está prestes a aprovar uma nova injeção preventiva contra o HIV, um avanço significativo na luta contra o vírus e um sinal de como a inovação médica continua avançando mesmo em tempos de crise.

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