Café com seu dinheiro: 06/10/2025

Mercado vive um equilíbrio delicado: real forte, juros altos, economia enfraquecendo e riscos fiscais e globais no radar.

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Resumo de hoje:

  • 💸 Risco fiscal e juros em alta: a isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil agrada o público, mas preocupa o mercado e eleva os juros futuros.

  • 💪 Real valorizado: o dólar segue entre R$ 5,30 e R$ 5,35, acumulando queda de 13,5% no ano com a Selic nas alturas.

  • 🏗️ Economia esfriando: o IBC-BR caiu 0,53% em julho e o consumo de bens financiados recuou, mostrando o peso dos juros altos.

  • 🧠 Bolhas e alertas globais: o Goldman Sachs alerta para possível correção nas bolsas dos EUA, enquanto o mercado ainda aposta na força da inteligência artificial.

  • 🌍 Crises e retomadas: Israel e Hamas retomam negociações de paz, casos de intoxicação por metanol se espalham e o mercado de cacau dá sinais de alívio.

A semana terminou com leve alta da bolsa brasileira na sexta (+0,17%), mas o clima nos bastidores continua tenso. A aprovação da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, vista como popular e neutra no papel, elevou o risco fiscal percebido pelos investidores, e isso fez os juros futuros subirem. A preocupação é que, em ano pré-eleitoral, mais gastos públicos possam pressionar a inflação, o que exigiria juros ainda mais altos lá na frente. Ao mesmo tempo, o real segue firme: o dólar ficou entre R$ 5,30 e R$ 5,35, acumulando queda de 13,5% no ano, puxado pelos juros domésticos ainda elevados e pela expectativa de cortes nos EUA em 2025. Só que o motor da economia dá sinais de cansaço: o IBC-BR caiu 0,53% em julho e o consumo de bens dependentes de crédito recuou 4,4% no ano, enquanto o de itens essenciais segue resistente.

No exterior, o presidente do Goldman Sachs alertou para o risco de uma correção forte nas bolsas americanas após três anos de alta e valuations esticados, enquanto investidores mais otimistas seguem acreditando na força da inteligência artificial, que já fez o S&P 500 subir 90% desde 2022. No noticiário global, Israel e Hamas iniciam novas negociações de trégua, e a crise do cacau dá sinais de alívio com a nova safra africana, reduzindo os preços após baterem recordes. Por aqui, até tragédias como os casos de intoxicação por metanol lembram a importância de regulação e vigilância sanitária. O resumo da ópera: o mercado vive um equilíbrio frágil — câmbio forte, juros altos, economia esfriando e riscos políticos e globais rondando o cenário.

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1. O humor do mercado: oscilações, nervosismo e “céu de brigadeiro” com nuvens

Comecemos no cenário mais visível: o mercado financeiro brasileiro. Na sexta-feira, o índice da bolsa subiu 0,17% — quase um passo de balé, discreto, mas positiva. Mesmo assim, o saldo da semana foi de queda. E lá nos Estados Unidos, as bolsas ficaram “paradas”, sem muita animação, enquanto o dólar se manteve estável por aqui, girando em torno de R$ 5,33.

Mas por que essa calma aparente não é garantia de paz? Porque, nos bastidores, os juros futuros seguiram subindo.

O risco fiscal que ninguém quer admitir 🍿

Tudo por conta de uma medida aprovada na Câmara para isentar de impostos quem ganha até R$ 5 mil. Agora, se você estivesse no Congresso e fosse votar, pensaria: “Será que isso pesa nas contas do governo?”. O argumento oficial é que seria “fiscalmente neutro” isto é, que não geraria rombo, por conta do aumento do imposto de 140 mil pessoas que ganham mais de R$ 50 mil por mês. Mas veja o truque: essa isenção atingiria cerca de 15 milhões de pessoas. Em ano eleitoral, medidas populares tendem a ganhar adesão.

Aqui entra o risco: mais popularidade para o governo pode pressionar despesas futuras, e uma política fiscal “mais frouxa” pode gerar mais inflação no futuro. E como combate-se inflação? Com juros mais altos. Ou seja: você come pipoca agora, mas paga juros lá na frente.

Assim, investidores vêm precificando esse aumento de risco: por isso os juros futuros sobem, mesmo com uma bolsa que tenta se segurar.

Resumo do capítulo: mercado agitado nas entrelinhas, embora nas manchetes pareça suave.

2. Real vs. dólar: quem manda no câmbio?

Se você perguntar a um economista qual par é estrela de novela: ele vai dizer “real x dólar”. E hoje a novela está interessante.

A aposta na valorização do real

Os grandes bancos, nacionais e estrangeiros, estão apostando que o real vai se valorizar frente ao dólar até o fim do ano. O motivo principal? A taxa de juros doméstica (SELIC) em 15% (sem previsão de cortes para 2025) — isso deixa o Brasil atraente para quem quer retorno. Lá fora, nos EUA, espera-se que haja dois cortes de juros em 2025, o que enfraqueceria o dólar frente a moedas emergentes.

Resultado prático: o dólar, que vinha oscilando entre R$ 5,30 e R$ 5,35, ao longo do ano acumulou uma desvalorização de cerca de 13,5% frente ao real. Em linguagem menos técnica: o real está “pegando carona” nos juros altos para ganhar força.

Mas atenção: essa força pode ser ilusória, se o Brasil se complicar no campo fiscal (lembre da isenção dos que ganham até R$ 5 mil). Se a inflação espirrar, o real pode perder o fôlego.

Ou seja: aposta ousada, mas com riscos bem colocados.

3. Economia patinando: o Brasil não engatou a quinta

Agora vamos ao jogo real da economia, aquele que determina emprego, renda, movimento nas lojas.

O desempenho recente: nem lento, nem rápido

O IBC-BR, espécie de “termômetro” mensal do PIB, registrou queda de 0,53% em julho — mau começo para o segundo semestre. Em agosto, a produção industrial subiu 0,8%, mas isso só compensou parte de perdas anteriores acumuladas em 1,2%.

Engana-se quem pensa que isso é acidente: estamos num ambiente de juros altos persistentes, justamente para frear inflação, e esse freio acaba desacelerando a economia. É como pisar no freio para controlar velocidade, mas isso reduz o ritmo da viagem.

O que mais está sofrendo? Coisas “a crédito”

O Itaú divulgou dados interessantes: o setor de bens que dependem de crédito (material de construção, eletrodomésticos, veículos) registrou queda de 4,4% acumulada no ano. Ou seja: quem decidiu comprar sofá parcelado, carro ou geladeira está segurando o jeitinho.

Já os bens não tão ligados a crédito, supermercado, vestuário, farmácia, estão crescendo: alta de 5,7% no período. Significa que o consumo básico ainda resiste, mas os sonhos altos, que dependem de crédito fácil, ficam na prateleira.

4. Nuvens lá fora: alertas de gigantes e bolhas tecnológicas

Para perceber o que pode haver de tempestade além mar, vamos olhar para os gigantes lá de fora — e eles têm alertado algo importante.

Aviso do Goldman Sachs: calma, pode haver tombo

O presidente do Goldman Sachs advertiu que ele não se surpreenderia se o mercado americano sofresse uma forte queda nos próximos um a dois anos. Por quê? Porque os preços das ações (inclusive em IA, tecnologia) estão muito esticados. Ele evitou falar em “bolha”, mas deixou claro: “muito capital investido pode não gerar retorno esperado. Haverá ganhadores e perdedores.”

Do outro lado, alguns que apoiam a tecnologia discordam. Nancy Tengler, da Laffer Tengler, lembrou que desde 2022 muitos já diziam que investir em tecnologia daria pouco retorno, e, desde então, o S&P 500 subiu 90%.

Ou seja: ceticismo vs otimismo, os dois brigando em Wall Street.

Os riscos de confiar no amanhã tecnológico

Se muitos crerem que o milagre da IA resolve tudo, pode haver decepções. Grandes apostas hoje podem se transformar em prejuízo amanhã, se a tecnologia ou o modelo de negócio não entregar como esperado.

A lição para você: quando tudo estiver bonito demais, com promessas de retorno alto e risco zero, é momento de colocar o pé atrás.

5. Chocolate, tragédias e geopolitica: do açúcar ao metanol

Sim, meus caros, vamos falar de chocolate, mas antes disso, duas notícias que parecem completamente desconectadas, mas têm relevância econômica.

Envenenamento por metanol: tragédia que exige atenção

Casos confirmados de intoxicação por metanol após ingestão de bebida alcoólica subiram para 16. Dois desses casos foram em Curitiba, primeiros fora de São Paulo. Há mais de 200 notificações suspeitas aguardando exames.

A Anvisa autorizou, em caráter excepcional, a importação de 2,6 mil frascos de fomepizol, antídoto que não tem registro no Brasil. A urgência é porque vidas estão em jogo.

Essa tragédia afeta pouco diretamente o mercado financeiro, mas nos lembra: riscos sanitários e regulatórios podem surgir de onde menos esperamos. E causar impacto social e, em alguns casos, temor econômico (empresas afetadas, cadeias produtivas, controle estatal).

Oriente Médio: guerra, trégua e influência global

Israel e Hamas devem iniciar hoje negociações sob mediação para extinguir o conflito de dois anos na Faixa de Gaza. O plano de Trump, que exigia que o Hamas se desarmasse e deixasse de participar da governança pós-guerra, foi rejeitado por eles.

Os impactos aqui são indiretos, porém potentes: instabilidade política no Oriente Médio pode influenciar o preço do petróleo, cadeias de suprimentos e seguro de operações internacionais. E, claro, o Brasil pode sentir efeitos via mercados internacionais e sentimento global.

A retomada do cacau: oportunidade e alívio para o chocolate

Agora sim, chocolate no foco. A crise global de oferta de cacau parece estar cedendo. O oeste africano — responsável por cerca de 70% da produção mundial — iniciou a colheita da safra 2025/2026 com otimismo. Os preços internacionais caíram de picos de até US$ 12 mil por tonelada para perto de US$ 6 mil.

Em 2024 havia um déficit global de quase 500 mil toneladas. No ano anterior, 2023–2024, houve superávit de 65 mil toneladas.

No Brasil, entretanto, o processamento de cacau caiu 14,4% no primeiro semestre de 2025, o menor nível em 9 anos, principalmente porque os preços altos dificultam a industrialização.

Mesmo assim, setores veem oportunidade: a crise fortaleceu a ideia de que o Brasil retome protagonismo no mercado global de cacau, aproveitando a escassez internacional.

E para o consumidor final? O preço do chocolate refletiu tudo isso: barras e bombons chegaram a valores próximos a R$ 113, com o chocolate em pó subindo 6,2% no período.

Conclusão: a tempestade parece estar perdendo força, mas o reajuste no preço já bateu à nossa porta.

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Até amanhã