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- Café com seu dinheiro: 07/10/2025
Café com seu dinheiro: 07/10/2025
Bolsa caiu, dólar recuou e, em meio à instabilidade global, ouro e bitcoin dispararam, enquanto o BC endureceu o tom e avisou: juros altos continuam. 💰📉
Resumo de hoje:
💸 Risco fiscal e juros em alta: a isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil agrada o público, mas preocupa o mercado e eleva os juros futuros.
💪 Real valorizado: o dólar segue entre R$ 5,30 e R$ 5,35, acumulando queda de 13,5% no ano com a Selic nas alturas.
🏗️ Economia esfriando: o IBC-BR caiu 0,53% em julho e o consumo de bens financiados recuou, mostrando o peso dos juros altos.
🧠 Bolhas e alertas globais: o Goldman Sachs alerta para possível correção nas bolsas dos EUA, enquanto o mercado ainda aposta na força da inteligência artificial.
🌍 Crises e retomadas: Israel e Hamas retomam negociações de paz, casos de intoxicação por metanol se espalham e o mercado de cacau dá sinais de alívio.
O mercado teve um dia curioso: a bolsa brasileira caiu 0,41%, mas o dólar também recuou 0,47%, para R$5,31, puxado pela desvalorização do yen japonês após a mudança de governo no Japão. Como os juros por lá são muito baixos (0,5%), investidores usam o yen para fazer carry trade — pegam empréstimos em moeda barata e aplicam em países com juros altos, como o Brasil. Esse movimento atrai capital estrangeiro e fortalece o real. Além disso, a conversa de 30 minutos entre Lula e Trump ajudou o clima político, e o UBS projetou dólar abaixo de R$5 nos próximos meses. Lá fora, o clima geopolítico segue tenso: a França perdeu mais um primeiro-ministro e o Japão vive incerteza fiscal, o que aumentou a busca por ativos de refúgio, como ouro e bitcoin, que bateram recordes — o ouro chegou perto de US$4 mil por onça e o bitcoin atingiu US$126 mil.
No Brasil, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, endureceu o discurso: disse que negar a força do mercado de trabalho (desemprego em 5%) é “negacionismo” e que as expectativas de inflação seguem desancoradas, justificando a manutenção da Selic nos níveis mais altos em 20 anos. Segundo ele, é hora de “trincar os dentes” e manter a política monetária firme, o que indica que cortes de juros só devem vir em 2026. Com isso, o cenário continua de cautela: o real forte e o ouro em alta mostram que o capital busca proteção e rendimento, mas o risco fiscal, a instabilidade global e o cansaço da economia brasileira deixam o investidor entre a fé e o medo — um equilíbrio típico do mercado, que é mais samba do que valsa. 💃📉
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1. O dia da bolsa e da moeda — pequenas grandes quedas e seus porquês 📉
Ontem não foi um dia de festa para quem gosta de ver gráfico subindo: a bolsa brasileira caiu cerca de 0,41%. Sim, parece pouco, mas no mundo dos investimentos isso é “uma mangueirada estrondosa” quando comparado ao mundinho dos cafés econômicos. Ao mesmo tempo, lá fora, nas bolsas americanas, o dia foi misto — uns papos legais aqui, umas reclamações acolá.
Pra fechar o quadro, o dólar caiu, sim, caiu 0,47%, indo pra R$ 5,31. Quem viu essa queda no dólar, pensou: “oba, tá tudo indo bem no Brasil!” Mas não é tão simples. Há fatores que empurram o real (mais forte) ou o dólar (mais fraco), e muitos deles estão fora do controle brasileiro.
Um desses fatores é um tal de yen japonês. O que esse pobre coitado do Japão está fazendo nessa história? Tudo. E aí se conecta com “caprichos” do investidor global, políticas estrangeiras etc. Já vamos ver isso no próximo item.
Além disso, notícias frescas deram algum alívio ao mercado: Trump e Lula conversaram por telefone ontem por 30 minutos — uma chatice política ou sinal de que quem sabe as relações Brasil-EUA melhorem? 🤝 Trump não disse se vai derrubar tarifas, mas comentou que “os dois países vão se dar bem juntos” e que poderia visitar o Brasil. Um balão de esperança que entrou pela porta da frente dos mercados.
Ah, e uma curiosidade: o UBS, queijo suíço dos bancos grandes, está mais otimista com o real. Eles falam que dólar pode até “dar uma respirada pra baixo de R$ 5”. Isso mostra como o sentimento (esperança, confiança) pesa bastante no jogo cambial.
Então: bolsa cai, dólar recua, uma combinação que parece contraditória à primeira vista, e a justificativa tem nomes exóticos como yen, juros no Japão e bom humor diplomático.
2. O yen, os juros baixos no Japão e a arte (ousada) do “carry trade” 💱
Aqui está onde a história fica mais cabeluda (mas prometo desenhar um caminho fácil). Vamos por partes:
a) Os juros no Japão e por que importa
O Japão mantém sua taxa básica de juros em 0,5%, ou seja, muito baixa, na prática quase zero. Isso por si só já dá espaço para coisas curiosas no mercado financeiro global.
Quando um país tem juros baixos, muitos investidores “pegam emprestado” nessa moeda para investir em países com juros mais altos. Por quê? Porque a diferença de juros é onde está a gordura (o ganho). Essa estratégia se chama carry trade.
Um exemplo simples: se eu pego ienes emprestado a 0,5% ao ano e aplico em reais que pagam 15% ao ano (SELIC brasileira, por exemplo), o “excesso” de 14,5% seria meu ganho, descontado risco de câmbio, claro.
Contudo, essa operação funciona bem enquanto o yen não se valoriza muito (ou seja, não fica mais caro tomar emprestado) e as taxas mais altas não se movem contra o investidor.
b) A eleição no Japão e o enfraquecimento do yen
A novidade recente é que Sanae Takaichi foi eleita líder do partido governista japonês, o que pode dar a ela o caminho para se tornar primeira-ministra. Takaichi é vista como favorável a políticas fiscais mais expansivas (gasto público maior) e menos pressão para subir juros rápido demais. Isso fez o yen desabar.
O mercado, claro, adorou. Com um yen mais fraco, o carry trade se torna ainda mais atraente: pego ienes baratos, invisto em reais “caros”. Também há risco: muitos bancos grandes já “reviraram o volante” e começaram a duvidar das perspectivas do yen — o Goldman Sachs e Deutsche, por exemplo, resfriaram suas posições otimistas com a moeda japonesa.
c) O renascimento do carry trade (ou quase isso)
Com o yen afundando, está de novo na moda emprestar yen para investir em outras moedas com juros mais altos (tipo real). Alguns analistas já falam que esse movimento voltou ao centro das atenções.
Mas atenção: carry trade não é brincadeira de criança. Se o yen, por acaso, resolver se recuperar (subir forte contra as outras moedas), quem fez o carry pode sofrer prejuízo cambial que anula o ganho de juros.
Ademais, há aqueles que falam que esse “ressurgimento” do carry trade ainda não está em modo full-power. Alguns fatores, como dúvidas quanto ao comportamento do BOJ (BC japonês), riscos globais, política americana, ainda fazem investidores pisarem no freio.
Em resumo: yen fraco + juros brasileiros altos = cenário convidativo para quem arrisca. Mas é terreno pantanoso.
d) Um detalhe relevante: posição de UBS e cenário externo
O UBS, que já apareceu antes, vê chance de que a moeda brasileira siga resistente, justamente apoiada por esses fluxos de capital que vêm de carry/trade.
Por outro lado, o cenário externo não perdoa: tensões políticas (nos EUA, no Japão, na França), guerras, tarifas, tudo isso mexe no humor de quem investe. Em momentos ruins, apetite para risco some, e o carry trade encolhe.
Para fechar esse tópico com estilo carioca: o yen tá barato, o real “forte” chama atenção, mas quem entrar nessa dança tem que dançar certo — sob risco de tropeçar.
3. Bitcoin & ouro: o voo dos ativos refúgio no meio da incerteza 🪙🥇
Se o mundo financeiro fosse um baile, bitcoin e ouro estariam disputando o primeiro lugar na pista de “quem dança firme quando tudo treme”. Vamos ver o passo de cada um.
a) Bitcoin: recorde histórico e fôlego entre altos e baixos
Bitcoin alcançou uma nova máxima histórica, batendo US$ 126 mil. Isso depois de um setembro tenso, quando caiu cerca de 11% em relação ao recorde anterior (ou seja, ninguém tava muito confiante).
O que faz as pessoas correrem para bitcoin? Em parte, ele é visto como “anti-sistema” ou “reserva alternativa” para quem acha que o sistema financeiro tradicional pode vacilar. Quando inflação assusta, política piora, juros trocam de lado, bitcoin brilha.
Porém, bitcoin é volátil, e movimentos bruscos acontecem. Mas esse “novo topo” mostra que o apetite por risco (moderado) voltou, ou pelo menos a esperança de que algo grande ainda possa crescer lá.
b) Ouro: o clássico eterno do “protege contra tudo”
O ouro também andou em forte demanda. Ele praticamente encostou nos US$ 4 mil por onça, o que dá uns US$ 143 por grama (ou, convertendo, cerca de R$ 773 para ouro 24k puro).
Vários gatilhos atuaram: o medo político no Japão e na França, guerra, incertezas macro, tarifas de Trump, queda de juros nos EUA, tudo isso reforça a percepção do ouro como “porto seguro”.
Se você acha que ouro só serve para comprar jóias, pense de novo: é ativo real, escasso, de oferta limitada. Para se ter ideia, se todo o ouro já minerado pela humanidade fosse colocado num cubo, daria algo como 22 metros de lado ou edifício de 7 andares.
Mas nem tudo são glórias douradas. Há um alerta: o Bank of America aponta que, nas últimas décadas, sempre que o ouro sobe por 7 semanas seguidas, ele normalmente corrige nas 4 semanas seguintes. Ou seja: cuidado com euforia.
Ah: o UBS também entrou na festa otimista e elevou suas projeções para ouro (e prata) por causa da demanda forte, pela incerteza persistente e por taxas reais mais baixas Então, ouro + bitcoin estão jogando de “refúgio” agora, só que cada um com seus temperamentos.
4. O Banco Central e a selic alta: um BC que “trinca os dentes” 🦷
Se o Brasil fosse um carro, nosso Banco Central é o motorista que não quer pisar fundo no freio (corte de juros) enquanto a estrada da inflação não estiver clara. E o presidente do BC, Gabriel Galipolo, mostrou ontem que não está para brincar.
a) Comentários do BC e o mercado de trabalho
Ele disse que subestimar o mercado de trabalho é “negacionismo de dados”: afinal, a taxa de desemprego está bem baixinha, cerca de 5%. Isso dá margem para argumentar que a economia ainda tem tração interna.
Além disso, Galipolo admitiu que o Brasil talvez esteja “além do pleno emprego”, ou seja, pode ter até escassez de mão-de-obra em alguns setores. E esse quadro complica porque renda alta tende a gerar inflação.
b) Expectativas de inflação e limites da política monetária
Ele também comentou que as expectativas de inflação estão “desancoradas”, em outras palavras, as pessoas começam a esperar inflação mais alta, o que alimenta inflação de fato. Isso é preocupante.
Por isso, ele justificou que a SELIC (nos níveis mais altos em 20 anos) precisa ficar firme. Quando perguntado por Arminio Fraga sobre alongar o horizonte de convergência da inflação (ou seja, dar prazo mais longo para o BC “acertar”), ele foi categórico: é hora de “trincar os dentes”, endurecer enquanto for necessário.
Ou seja: corte de juros só quando estiverem condições realmente claras para isso, o que, na visão dele, deve ser só no próximo ano.
c) O dilema: atividade econômica vs controle da inflação
Claro que manter juros muito altos traz custo, crédito caro, investimento desestimulado, empresas apertadas. Aqui está a tensão clássica da política monetária: quanto eu posso apertar sem quebrar a coluna do crescimento?
No Brasil, com desafio fiscal e recuperação econômica que ainda não é robusta, o BC caminhou nessa corda bamba. Mas o discurso recente é de que não vão recuar até ver inflação bem domada.
5. Riscos, oportunidades e onde mirar nos próximos meses 🌩️✨
Para fechar essa história inteira, vamos ver o mapa de riscos e pistas que vale acompanhar de perto. Porque quem lê essa newsletter não quer só “curiosidades econômicas”: quer entender onde pode dar vantagem.
Principais riscos
Volatilidade cambial repentina: se o yen se recuperar forte, o carry trade se desfaz e real pode sangrar.
Surpresas monetárias externas: o Fed nos EUA pode subir ou cortar taxas além do esperado, isso altera o apetite global por risco.
Choques políticos e geopolíticos: mudanças no Japão, na França, nos EUA, guerras externas, tudo isso pesa no humor dos investidores e derruba certeza.
Inflação persistente no Brasil: se os preços continuarem subindo, o BC será forçado a manter juros altos mais tempo, freando o crescimento.
Euforia exagerada nos ativos refugio: ouro e bitcoin podem subir demais, atraindo correções abruptas.
Conclusão: uma dança delicada entre risco e oportunidade
Se até agora você pensava que economia era coisa de chatos com gravata, espero ter quebrado essa ideia com alguma graça (ou pelo menos tentando). A história recente mostra que o mercado global é como uma dança: nenhum passo isolado, dólar quer subir? Japão, EUA, Brasil, política, guerra, expectativa... tudo entra no par.
A partir daí, surgem riscos e oportunidades para quem quiser entrar no jogo, lembrando sempre que, no mercado, nem sempre vence quem corre mais rápido, mas muitas vezes quem correu com mais atenção.
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Até amanhã