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Café com seu dinheiro: 15/09/2025
Juros altos travam empresas, governo gasta mais com salário e tarifa zero, e o BC segura a Selic enquanto os EUA já cortam.
Resumo de hoje:
📉 Empresas travadas pelo juro de 15%: Stone vende Linx pela metade, Vibra desiste da Comerc e Raízen busca sócio.
💸 Salário mínimo maior melhora renda, mas adiciona R$165 bi à dívida até 2026.
📊 Copom deve manter Selic em 15%, com cortes só no fim do ano, rumo a 12,5% em 2026.
🇺🇸 Fed deve cortar 0,25pp, enfraquecendo dólar e abrindo espaço pro BC brasileiro.
🚌 Tarifa zero nos ônibus agrada eleitor, mas custa caro (R$283 mi/ano em SP).
O Brasil vive um momento de aperto: empresas como Stone, Vibra e Raízen estão revendo negócios porque o juro a 15% virou pedágio caro demais pra crescer, travando fusões, investimentos e até obrigando gigantes a vender ativos com prejuízo. Ao mesmo tempo, o governo aumenta salário mínimo acima da inflação, o que melhora o bolso do trabalhador mas adiciona R$ 165 bilhões à dívida pública até o fim do mandato — e ainda estuda medidas populares como zerar tarifa de ônibus, que em São Paulo já custou R$ 283 milhões anuais. A conta é clara: enquanto o povo sente algum alívio imediato, o Tesouro vai acumulando pressão.
No campo monetário, o Banco Central deve manter a Selic em 15%, mas o mercado espera início de cortes só no fim do ano, mirando 12,5% em 2026. Lá fora, os EUA já devem reduzir juros nesta semana, o que pode aliviar o dólar e abrir espaço para o Brasil relaxar a política monetária mais cedo. No fundo, é um cabo de guerra: de um lado, populismo e medidas sociais que geram votos; do outro, a necessidade de manter equilíbrio fiscal e juros em níveis que não afoguem empresas e consumo. A pergunta que fica é: até onde vai a corda antes de arrebentar?
1. Quando o juro alto vira pedágio no meio do caminho 🚧
Imagina que você pegou a estrada rumo à praia, mas de repente cada pedágio custa R$ 100. Você até pensa duas vezes antes de sair de casa, né? É mais ou menos o que está acontecendo com as empresas brasileiras. O pedágio aqui se chama juros – a nossa famosa SELIC, hoje em 15% ao ano.
Na prática, significa que qualquer empresa que precise pegar dinheiro emprestado para crescer está pagando muito caro. Se o plano era expandir, comprar concorrentes ou investir em tecnologia, o cheque não fecha. E aí vem a parte dolorida:
A Stone comprou a Linx (empresa de software para o varejo) por R$ 6 bi lá atrás. Agora, revendeu para a Totvs por R$ 3 bi – metade do preço.
A Vibra, ex-BR Distribuidora, tentou diversificar suas receitas comprando a Comerc (energia). Não rolou, não deu sinergia, está pondo o ativo à venda.
A Raízen (Shell + Cosan) ficou atolada em dívidas e está caçando sócio para aliviar o peso.
Tudo isso mostra que, com juro nas alturas, até os gigantes começam a tropeçar. Crescer vira caro demais, e até movimentos estratégicos viram mico. 📉
Moral da história: juros altos não matam só consumo, matam também sonhos corporativos.
2. O bolso do povo e a conta que vai pro governo 💸
Agora, vamos falar do outro lado: o trabalhador. O governo atual promoveu aumentos reais no salário mínimo. Ótimo para quem recebe – melhora poder de compra, dá um respiro no fim do mês.
Mas, como sempre em economia, a conta aparece em outro canto. Segundo o economista Fábio Giambiagi, essa política vai adicionar R$ 165 bilhões à dívida pública até o final do mandato. E se continuar no próximo governo? Mais R$ 182 bilhões.
Pra visualizar: é como se o governo tivesse dado aumento no salário mínimo, mas tivesse colocado tudo no cartão de crédito parcelado. O povo sorri agora, mas quem paga depois é o Tesouro – e, claro, os impostos de todos nós.
Aqui entra o dilema:
Aumentar salário mínimo gera alívio social.
Mas pressiona a dívida pública, o que pode forçar juros altos por mais tempo.
Ou seja: é um cobertor curto. Puxa pra um lado, descobre o outro. 🛏️
3. A dança do Copom: cortar ou não cortar, eis a questão 🎭
Essa semana tem reunião do Copom, o comitê que decide a taxa SELIC. O mercado está de lupa ligada porque o nível atual (15%) é altíssimo. Se você descontar a inflação projetada (cerca de 5%), temos um juro real de quase 10% – um dos maiores do mundo. 🌍
E o que todo mundo espera?
Que o BC não mexa agora. Vai manter os 15%.
Mas, a partir do fim do ano ou início do próximo, deve começar o ciclo de cortes.
O consenso é que a SELIC chegue em 12,5% em 2026.
Traduzindo: ainda vamos pagar pedágio caro, mas pelo menos a fila deve começar a andar.
Por que não corta logo?
Porque o BC não quer dar brecha pra inflação voltar a subir. É como o técnico que não coloca o artilheiro lesionado de volta no jogo cedo demais – se ele se machuca de novo, a temporada vai pro ralo. ⚽
4. Do outro lado do hemisfério: o FOMC e os “sinais do além” 🔮
Enquanto aqui a gente sofre com 15% de juros, nos EUA o jogo está diferente. Lá, os juros também subiram forte nos últimos anos, mas o mercado já dá como certo que o Fed vai cortar 0,25pp na quarta-feira.
O detalhe é que o Fed está dividido: alguns acham cedo, outros querem acelerar. Por isso, todo mundo fica de olho nos tais dot plots – gráficos que mostram o que cada diretor projeta para os próximos meses. É quase um bolão oficial de como vai ser o futuro dos juros.
Impacto pra gente? Gigante:
Se os EUA cortam juros, o dólar tende a enfraquecer.
Isso pode ajudar a derrubar o câmbio por aqui, aliviando preços de importados.
E dá mais espaço pro nosso BC cortar juros também, sem medo de fuga de capital.
5. Política na tarifa do busão: a economia no ponto final 🚌
E pra fechar, nada mais brasileiro que juntar economia com eleição. Lula pediu estudos pra ver se é viável zerar a tarifa de ônibus no Brasil. Em São Paulo, essa ideia já mostrou força: a gratuidade aos domingos, implantada em 2023, custou R$ 283 milhões ao município, mas ajudou o prefeito Ricardo Nunes a se reeleger em 2024.
Qual o dilema?
Tarifa zero é popular, gera voto.
Mas tem custo alto: alguém precisa pagar a conta (normalmente os cofres públicos).
É aquele papo: passagem grátis não existe – ou sai do bolso do passageiro, ou do bolso do contribuinte.
Do ponto de vista eleitoral, a medida é um golaço. Do ponto de vista fiscal, é mais uma pressão na conta do governo. E se juntarmos isso com aumento do salário mínimo e juros altos… a equação vai ficando cada vez mais apertada. 🔄
🎬 Conclusão: o quebra-cabeça da economia brasileira
O resumo da ópera é que vivemos um cabo de guerra:
Empresas vendendo ativos porque juros altos travam investimentos.
Governo ampliando salário mínimo e cogitando tarifa zero, o que pressiona a dívida pública.
Banco Central no dilema de manter juros altos pra controlar inflação, enquanto os EUA começam a cortar.
E no meio de tudo isso, o eleitor feliz com passagem grátis, mas sem ver a fatura escondida no fundo da gaveta.
A economia é como aquele samba enredo: cheio de alas, cada uma com seu brilho, mas todas ligadas pelo mesmo tema. E o tema agora é como equilibrar crescimento, justiça social e responsabilidade fiscal num mundo onde o juro virou protagonista.
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Até amanhã