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Café com seu dinheiro: 19/08/2025
Bolsa sobe puxada por Petrobras e BB, mas economia segue fraca, empresas quebram com juros altos e desigualdade no Brasil só aumenta.
Resumo de hoje:
• 📈 Bolsa e dólar: Ibovespa sobe 0,72% puxado por Petrobras e BB, mas dólar fecha em R$ 5,43 com juros futuros em alta.
• 📉 Atividade econômica: IBC-Br recua 0,1% em junho, segundo mês seguido de queda, puxado pela agropecuária.
• 🏭 Empresas sufocadas: Recuperações judiciais batem recorde, com quase 5 mil pedidos no ano, reflexo direto dos juros altos.
• ⚖️ Brasil x EUA: Decisão de Flávio Dino sobre sanções estrangeiras gera atrito com Washington e aumenta tensões políticas.
• 💰 Concentração de renda: 0,1% mais ricos ampliam sua fatia para 12,5% da renda nacional, acelerando a desigualdade.
Ontem o Ibovespa conseguiu subir 0,72%, embalado por Petrobras e Banco do Brasil, enquanto os juros futuros e o dólar — que fechou em R$ 5,43 — subiram pressionados por tensões políticas internas e externas. A economia, porém, deu mais um sinal de fraqueza: o IBC-Br caiu 0,1% em junho, puxado pela agropecuária, e o número de empresas em recuperação judicial bateu recorde, reflexo direto dos juros altos. Para piorar, as emissões de CRA do agronegócio encolheram 26% no semestre, mostrando que até o crédito estruturado está sendo impactado.
No campo político e social, a decisão de Flávio Dino sobre não reconhecer sanções estrangeiras colocou o Brasil em atrito com os EUA, reacendendo debates sobre soberania e riscos geopolíticos. Ao mesmo tempo, um estudo mostrou que o 0,1% mais rico do país aumentou ainda mais sua fatia da renda nacional, hoje 12,5%, com ganhos muito acima da inflação — reflexo de como juros altos ampliam a desigualdade: quem poupa enriquece, quem deve se afunda. No cenário internacional, uma possível trégua entre Hamas e Israel trouxe algum alívio geopolítico, mas ainda sem resposta oficial de Tel Aviv. O retrato final é de um Brasil tentando equilibrar os pratos entre mercado financeiro, tensões políticas e um abismo social cada vez maior.
1️⃣ O vai e vem da Bolsa: Ibovespa respira, dólar aperta o cerco
Imagina um time que perdeu três jogos seguidos no campeonato e, no quarto, consegue arrancar uma vitória magrinha de 1x0 com gol de escanteio. Foi exatamente a sensação do Ibovespa nesta semana. Depois de três pregões seguidos de queda, a nossa bolsa finalmente respirou e fechou com alta de 0,72%. 🎉
O curioso é que, lá fora, os EUA estavam parados no zero a zero, sem emoção. O que puxou o índice brasileiro foi o bom desempenho de pesos-pesados como Petrobras (+0,63%) e Banco do Brasil (+2%). Dois gigantes que, quando resolvem andar, carregam o Ibovespa nas costas como aquele amigo bombado que leva a mochila de todo mundo no acampamento.
Mas nem tudo foi festa. O dólar, aquele “cunhado chato” que aparece sem ser chamado, subiu 0,68% e bateu nos R$ 5,43. Isso significa importados mais caros, viagens internacionais mais salgadas e até o iPhone novo com aquele “custo Brasil” que dá vontade de parcelar em 24 vezes. 💸
E se não bastasse, os juros futuros também subiram. Por quê? Porque os investidores estão de olho nas tensões políticas: a decisão de Flávio Dino (já já eu explico melhor) e as movimentações de nomes da política nacional, como o governador Tarcísio de Freitas, que negou que vá concorrer à presidência — mas só de estar na roda já mexe com os humores do mercado. Afinal, para os investidores, Tarcísio é visto como alguém mais “market friendly”, e qualquer declaração vira munição para especulação.
2️⃣ PIBinho: atividade econômica volta a cair (mas nem tanto)
Agora, segura essa: o famoso IBC-Br, que é tipo um “trailer mensal” do PIB, mostrou que a economia brasileira encolheu 0,1% em junho. Pode parecer pouco, mas é o segundo mês seguido de queda. Em maio, já tinha sido -0,73%. 📉
A boa notícia é que a queda foi menor do que a esperada — o mercado achava que viria um recuo de 0,18%. Mas vamos combinar: ainda é queda. O grande vilão do mês foi a agropecuária (-2,3%). E aqui tem um detalhe importante: como a safra é super concentrada no início do ano, os meses seguintes acabam naturalmente registrando números negativos. Não é que o agronegócio desandou; é a própria sazonalidade da colheita.
No acumulado de 12 meses, a economia ainda cresce 3,9%. Mas esse número é meio traiçoeiro, porque reflete a base fraca do passado. É como aquele aluno que tirou zero na primeira prova e agora, com duas notas 7, já consegue exibir média 5,9. Parece bom, mas o histórico conta a história toda. 🎓
E aqui vai a leitura prática: com a economia dando sinais de fraqueza, o Banco Central fica mais pressionado a cortar juros. Só que, ao mesmo tempo, a inflação ainda ronda e o dólar em alta joga lenha na fogueira. Resultado: o investidor fica num cabo de guerra, sem saber se a Selic vai cair mais rápido ou devagar. É aquele dilema de balada: ficar até o fim esperando a última música ou ir embora cedo pra não gastar mais?
3️⃣ Empresas sufocadas: recorde de recuperações judiciais
Falando em sufoco, quase 5 mil empresas no Brasil estão em recuperação judicial neste ano, uma alta de 17% e recorde histórico. 😬 Para quem não está familiarizado, recuperação judicial é como um “pause” no videogame: a empresa pede ao juiz para renegociar as dívidas, enquanto ganha um fôlego financeiro — já que não precisa pagar os juros durante o processo.
Só que tem um problema. De cada 10 empresas que saem da recuperação judicial, 3 vão direto para falência. Ou seja, para muitas, esse pause não é um recomeço, mas só um prolongamento do game over.
E qual o principal motivo? Juros altos. Quando o crédito está caro demais, até empresas saudáveis sentem o baque. Agora, imagine aquelas já endividadas? É como correr uma maratona com uma mochila cheia de pedras. 🏃♂️
Esse movimento bate forte no agronegócio, que, além da queda no PIB, também viu um tombo nas emissões de CRA (Certificados de Recebíveis do Agronegócio). No primeiro semestre, as ofertas caíram 26%, somando R$ 14 bilhões. Para entender: CRA é como uma forma de financiar o agro via mercado de capitais. Se até esse mercado encolhe, é sinal de que a desconfiança está generalizada.
4️⃣ Brasil x EUA: Flávio Dino, sanções e a Lei Magnitsky
Agora, vamos para o capítulo de geopolítica, porque sem briga internacional a semana não estaria completa. O ministro do STF, Flávio Dino, decidiu que leis e ordens judiciais estrangeiras não têm validade automática no Brasil. Traduzindo: se um tribunal dos EUA ou da Europa sancionar alguém, isso não significa que automaticamente essa sanção vale aqui.
Embora Dino não tenha citado diretamente, a decisão é vista como resposta à Lei Magnitsky, criada nos EUA ainda no governo Trump. Essa lei permite que os americanos apliquem sanções financeiras contra pessoas acusadas de violar direitos humanos, congelando bens, bloqueando transações e impedindo negócios no sistema financeiro internacional. Foi essa lei que atingiu figuras como Alexandre de Moraes.
O efeito prático da decisão de Dino é blindar bens e contas no Brasil contra essas sanções. Mas os EUA não ficaram calados: o Departamento de Estado respondeu que nenhum tribunal estrangeiro pode anular as sanções impostas por Washington e que até quem ajuda esses “violadores” pode acabar sendo alvo também. 🇧🇷🇺🇸
Esse cabo de guerra só aumenta a incerteza para empresas e investidores, porque coloca o Brasil em rota de colisão com seu maior parceiro comercial depois da China. E em tempos de dólar já estressado, qualquer faísca vira incêndio no câmbio.
5️⃣ Renda e desigualdade: os 0,1% mais ricos voando
Para fechar com chave de ouro (literalmente), vamos falar de quem está no topo da pirâmide. Segundo estudo de Sérgio Gobetti, baseado em dados da Receita Federal, o 0,1% mais rico do Brasil ampliou sua fatia da renda nacional de 9% (2017) para 12,5% (2023). Hoje, estamos falando de cerca de 160 mil pessoas que ganham mais de R$ 1,75 milhão por ano.
E mais: a renda mensal dessa turma subiu 48% em cinco anos acima da inflação, o que dá 7,9% ao ano de retorno real. Isso significa que, enquanto a classe média luta para pagar o boleto do colégio e o financiamento do carro, o topo da pirâmide está acumulando patrimônio numa velocidade muito maior. 🏦
Metade dessa elite mora em São Paulo, seguida pelo Rio de Janeiro (9,5%). Isso ajuda a explicar porque vemos tantos prédios de luxo, carros importados e restaurantes lotados em alguns bairros, mesmo quando o noticiário econômico fala em crise.
E aqui está a reflexão: quando os juros são altos, quem tem dinheiro sobrando consegue ganhar ainda mais, porque investe em renda fixa, fundos ou imóveis. Já quem está endividado sofre com parcelas pesadas. Resultado? O pobre se afunda e o rico se protege. É o famoso “spread social” — uma desigualdade que não aparece no balanço dos bancos, mas que está na vida real de milhões de brasileiros.
🌍 Bônus Internacional: o cessar-fogo em Gaza
E, claro, o mundo não gira só em torno do Brasil. O Hamas anunciou aceitar um plano de cessar-fogo de 60 dias com Israel, incluindo a libertação de metade dos reféns e alguns prisioneiros palestinos. Ainda não houve resposta oficial do governo israelense, mas qualquer sinal de trégua em um conflito tão prolongado já mexe com o mercado de petróleo, com a geopolítica global e, indiretamente, com o nosso bolso no posto de gasolina. 🛢️
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Até amanhã