Resumo de Hoje:

  • 📉 Humor do mercado e queda do Ibovespa: O índice voltou a cair, pressionado pelo exterior e pela falta de fôlego interno, mesmo após tentativa de recuperação ao longo do dia.

  • 🏦 Liquidação do Banco Master: A maior intervenção desse tipo já feita pelo Banco Central, com acusações de carteiras falsas, prisão do dono e impacto direto sobre a confiança no setor.

  • 💰 Custo bilionário para o FGC: A conta estimada em R$ 41 bilhões deve recair sobre os grandes bancos, que lideraram as quedas do Ibovespa.

  • 🌎 Aversão ao risco no exterior: Bolsas americanas e europeias em queda com medo sobre tech, expectativa por Nvidia e incerteza quanto ao Fed e ao payroll.

  • 🛢️ Geopolítica e petróleo em alta: Sanções, tensões com a Rússia e episódios de sabotagem na Polônia impulsionaram os preços do petróleo e ajudaram Petrobras a subir.

Hoje o mercado brasileiro acordou com aquela sensação de “tem algo no ar”. Sabe quando você abre a janela, sente o vento diferente e pensa: isso vai dar notícia? Não deu outra. O Ibovespa até tentou sorrir, ensaiou uma melhora, flertou com uma recuperação mais robusta, mas não teve força para segurar o humor do dia. Fechou novamente no vermelho, com queda de 0,30%, aos 156.522 pontos. Nada dramático, nada que entre para os livros de história, mas suficiente para reforçar a mensagem: o ambiente lá fora já estava pesando… e uma bomba doméstica tratou de completar o estrago.

Porque hoje, meu amigo, minha amiga, não teve para ninguém: o capítulo definitivo da liquidação do Banco Master tomou conta do mercado, das conversas, das mesas de operação, dos grupos de WhatsApp, das TV financeiras e das salas de reunião. É raro ver uma notícia que domina o ambiente desse jeito. Mas também: não é todo dia que o Banco Central liquida um conglomerado, a Polícia Federal prende o dono, surgem acusações de carteiras de crédito fantasmas vendidas por bilhões, e o sistema bancário inteiro é avisado de que terá de bancar a conta via FGC. Não é rotina. Não é comum. E não passou despercebido.

Antes porém, vamos organizar a história, porque o dia teve várias camadas, um Brasil que tentou segurar a onda, um exterior que empurrou para baixo, um setor bancário que virou pedra no sapato e, no meio de tudo isso, o caso Master, que funciona quase como o grande arco dramático da temporada.

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O mercado tentou, mas o exterior não ajudou

O Ibovespa passa por um momento curioso. Ele vem de semanas de performance forte, bateu recordes consecutivos recentemente, mas está claramente sentindo que “algo mudou”. Lá fora, os mercados amanheceram com uma postura mais defensiva. Aversão ao risco. Preocupação com valuations de tecnologia. Medo do que pode vir da Nvidia, que solta resultado amanhã. Incerteza sobre a próxima reunião do Fed. É como se os investidores internacionais tivessem acordado com aquela preguiça existencial: “melhor evitar riscos hoje”.

E o Brasil, que sempre dança conforme a música de Nova York, não conseguiu escapar. O dólar até deu um refresco, caiu 0,26% e fechou a R$ 5,318, mas muito mais por movimentos pontuais de fluxo do que por confiança renovada. Os juros futuros terminaram o dia de forma mista, refletindo o clássico “espera aí, vamos ver o payroll antes de decidir qualquer coisa”.

Resumindo: faltou empolgação. O exterior puxou para baixo. E aí veio a notícia que transformou a terça-feira numa terça histórica.

O Caso Banco Master: o episódio que explica o dia inteiro

Se o mercado fosse uma novela, hoje seria aquele capítulo de 1 hora e meia, com trilha sonora dramática, câmera lenta e direito a uma revelação de impacto no final. Desde cedo já circulava o rumor, depois confirmado, de que o Banco Central havia decretado a liquidação extrajudicial do Banco Master, ao mesmo tempo em que a Polícia Federal prendia o dono, Daniel Vorcaro, e executivos do conglomerado.

Mas a liquidação não veio do nada. Esse é um enredo longo, cheio de fases, idas e vindas, tentativas de venda, perguntas sem resposta, investigações e situações cada vez mais estranhas nos últimos anos.

O Master nasceu lá atrás, em 1974, como Máxima Corretora. Cresceu, virou banco, ganhou musculatura, expandiu atuação e, nos últimos anos, ficou conhecido por algo que levanta sobrancelha em qualquer analista: pagava juros muito acima do padrão, captando bilhões com CDBs que prometiam retorno extremamente generoso. Isso em si não é ilegal, mas acende alerta. Quando a remuneração é muito superior ao mercado, a pergunta que se faz é simples: que risco está por trás disso?

A partir de 2022, começaram a surgir dúvidas sobre a saúde financeira do banco: captação cara, exposição a ativos de risco, negociações de venda que nunca avançavam, restrições de órgãos de controle. Em março, o Master esteve prestes a fechar uma venda de 58% de seu capital para o BRB por R$ 2 bilhões, um movimento que formaria um conglomerado de R$ 100 bilhões em ativos. O negócio parecia avançar, mas virou uma novela. O Ministério Público do Distrito Federal e o Tribunal de Contas levantavam questões. O BC pediu mais informações. Nada andava. Enquanto isso, a necessidade de caixa aumentava.

O banco buscou socorro no FGC, e conseguiu uma linha emergencial de R$ 4 bilhões, renovada duas vezes. Depois, começou a conversar com grupos internacionais dos Emirados Árabes, que ofereciam um aporte imediato de R$ 3 bilhões. Mesmo assim, o caixa continuava estrangulado. A sensação nas mesas do mercado era clara: a situação estava se deteriorando.

O que ninguém imaginava, pelo menos não nesse nível, era a gravidade das irregularidades que começaram a aparecer. Segundo a PF, o MPF e o BC, o Master teria “fabricado” carteiras de crédito falsas em parceria com a empresa Tirreno, aplicado parte dos R$ 50 bilhões captados em ativos que simplesmente não existiam e, em seguida, repassado esses créditos inexistentes ao BRB por R$ 12,2 bilhões, numa operação sem documentação completa.

Pare agora e pense: vender R$ 12 bilhões em créditos inexistentes para reforçar o caixa. É um nível de irregularidade que muda a escala da discussão.

Quando o BC entrou na jogada de verdade, já não era uma questão de “situação preocupante”. Era uma grave crise de liquidez, combinada com violação severa das normas do Sistema Financeiro Nacional e um risco iminente de calote generalizado para 1,6 milhão de pessoas.

A liquidação decretada hoje congela o banco completamente. Nada entra, nada sai. A diretoria está afastada. O liquidante assume. Os bens dos controladores ficam indisponíveis. O BC abre investigação formal. A PF intensifica o inquérito. E começa o longo processo de pagamento dos credores.

E é aqui que entra o personagem que talvez você nunca tenha dado tanta atenção: o FGC.

O custo bilionário para o FGC: e porque isso derrubou os grandes bancos

O Fundo Garantidor de Créditos estimou em R$ 41 bilhões o valor total necessário para cobrir os clientes elegíveis. É muito dinheiro. É tanto dinheiro que não tem como passar despercebido: o FGC terá de ser capitalizado pelo sistema bancário, e quem paga essa conta, proporcionalmente, são os grandes bancos.

Por isso, ao longo do dia, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander afundaram. Não porque correm risco. Muito pelo contrário. Justamente porque são sólidos demais e por isso serão os mais chamados a reforçar o caixa do FGC.

Ou seja: o setor caiu não por fragilidade, mas por responsabilidade. Esse ponto é crucial.

Houve gente perguntando se estamos diante de um risco sistêmico. A resposta, até aqui, é não. O próprio BC destaca que o Master representava apenas 0,55% das captações do sistema. Isso é pequeno demais para contaminar o todo. Mas é grande o suficiente para custar caro aos maiores bancos, e isso se refletiu nos preços das ações.

Os outros movimentos do dia: ações, petróleo e EUA

No meio da tempestade do Master, o resto do mercado até tentou se movimentar de forma autônoma. Mas pouca coisa conseguiu escapar da absorção do tema.

Na bolsa, Vale caiu levemente, Petrobras subiu acompanhando a alta do petróleo lá fora e Magazine Luiza teve um dia brilhante, aproveitando a queda do dólar e algum apetite tático do mercado.

O petróleo, aliás, foi um capítulo paralelo interessante. Os contratos fecharam em alta firme diante da possibilidade de novas sanções ocidentais à Rússia, após episódios de sabotagem na Polônia que elevaram o clima geopolítico. Foi esse movimento que puxou PETR4 para o campo positivo.

Lá fora, os Estados Unidos voltaram a operar com medo. Com o fim do shutdown, os indicadores econômicos voltaram a ser divulgados, e isso sempre aumenta a ansiedade. Hoje saíram os pedidos à indústria, que subiram 1,4%, e os pedidos de seguro-desemprego, que também vieram mais altos. O payroll, o grande número da semana, sai amanhã, mas o mercado brasileiro não terá como reagir imediatamente porque a quinta é feriado. Só veremos o impacto na sexta.

E Donald Trump, como sempre, jogou gasolina no ambiente: provocou Jerome Powell de novo, dizendo que adoraria tirá-lo da presidência do Fed. Trump sendo Trump.

O começo de uma nova discussão: IOF sobre stablecoins

No meio de tudo isso, o governo brasileiro começou a avaliar a cobrança de IOF sobre operações com stablecoins. Essa discussão vem porque, a partir de fevereiro, o Banco Central vai tratar transações com stablecoins como operações cambiais. E operação cambial, no Brasil, quase sempre significa IOF. Nada definido ainda, mas o tema entrou oficialmente na mesa, e o mercado cripto está acompanhando de perto.

Fechamento: o dia em que o mercado brasileiro encarou duas realidades ao mesmo tempo

O dia de hoje não foi sobre caos, nem sobre pânico, foi sobre realidade. O Brasil recebeu um choque de responsabilidade vindo do Banco Master, ao mesmo tempo em que o mundo lá fora lembrava que o humor dos mercados nunca depende de uma única peça, mas do conjunto da obra. A liquidação do Master traz lições profundas sobre governança, risco, supervisão e os limites da ousadia financeira. Já o exterior mostrou que, enquanto a tecnologia respira depois de um ciclo de euforia e o Fed decide o rumo da política monetária, o investidor global pisa no freio antes de acelerar de novo.

O saldo do dia é aquele tipo de amadurecimento silencioso: nada desabou, mas muita coisa se reposicionou. A economia segue, os mercados se ajustam, e o investidor brasileiro, mais uma vez, aprende que solidez não é ausência de turbulência, é capacidade de atravessá-la.

E como dizia Mário Henrique Simonsen, com a precisão de quem entendia o peso das crises e o valor da serenidade: “Não existe milagre na economia. Existe trabalho, responsabilidade e consequência.”

Mário Henrique Simonsen foi um renomado economista, engenheiro civil, professor e político brasileiro. Atuou como Ministro da Fazenda (1974-1979) e do Planejamento, sendo uma figura central na política econômica do Brasil durante o regime militar. É também lembrado por sua atuação acadêmica na FGV, sua contribuição para o Banco Bozano Simonsen.

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Até mais tarde!

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