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Café com seu dinheiro: 26/09/2025
Mercados caíram com dados fortes nos EUA, política azedou expectativas no Brasil, Ambipar desabou e o país mostrou seu contraste entre esquemas bilionários e startups inovadoras.
Resumo de hoje:
📉 Mercados globais em queda – S&P 500 caiu 0,5%, Ibovespa recuou 0,8% e dólar subiu a R$5,36.
🇧🇷 Política no Brasil – Tarcísio de Freitas descarta candidatura à Presidência em 2026 e frustra investidores.
🏭 Ambipar em crise – Ações despencam até 51% no dia em meio a dívidas de R$10 bi e risco de recuperação judicial.
📊 Juros e inflação – BC sinaliza juros altos por mais tempo, com inflação só perto da meta em 2026/27.
🚔🤖 Contrastes do Brasil – Operação Spare expõe fraude bilionária em combustíveis, enquanto a Enter, startup de IA, capta R$200 milhões e alcança valuation de R$2 bi.
Ontem os mercados globais vieram azedos: o S&P 500 caiu 0,5%, o Ibovespa recuou 0,8% e o dólar subiu 0,70% para R$ 5,36. Lá fora, a pancada veio de dados econômicos fortes nos EUA – PIB revisado para 3,8% e pedidos de seguro-desemprego menores que o esperado – o que adia os cortes de juros do Fed e fortalece o dólar. Aqui no Brasil, o peso foi político: Tarcísio de Freitas anunciou que não será candidato à Presidência em 2026, frustrando parte do mercado que via nele uma alternativa mais alinhada à agenda econômica liberal. Para completar, a Ambipar derreteu até 51% no intraday após pedir tutela cautelar para suspender execuções, levantando temores de recuperação judicial em meio a dívidas de R$ 10 bilhões.
Enquanto isso, o BC sinaliza juros altos por mais tempo, projetando inflação só perto da meta em 2026/27. No campo institucional, a Operação Spare revelou R$ 4,5 bilhões movimentados em fraudes fiscais e lavagem de dinheiro no setor de combustíveis, levando Haddad a anunciar uma delegacia da Receita voltada ao crime organizado. Mas o Brasil também mostrou sua veia inovadora: o jovem Mateus Costa-Ribeiro captou R$ 200 milhões para a Enter, startup de IA avaliada em R$ 2 bilhões que promete revolucionar a defesa jurídica de grandes empresas. É o retrato do país: entre escândalos do passado e inovações de futuro, o investidor segue na corda bamba.
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1. 🌍 O Mundo Azedou: Bolsas em Queda e Dólar em Alta
Ontem o mercado financeiro global acordou com aquela cara de ressaca de segunda-feira, mesmo sendo quinta. O S&P 500 caiu 0,5%, puxando junto a nossa bolsa aqui, o Ibovespa, que despencou 0,8%. Para completar o cardápio amargo, o dólar subiu 0,70%, fechando em R$ 5,36.
Mas calma, não é só número frio. Vamos entender o enredo: a economia americana veio mais forte do que o mercado esperava. O PIB do segundo trimestre foi revisado para 3,8% (o esperado era 3,3%), e os pedidos de seguro-desemprego caíram para 218 mil (bem abaixo dos 235 mil esperados). Isso mostra que o motor dos EUA está rodando a todo vapor.
E qual o problema de uma economia forte? Parece contradição, né? Mas é simples: quando a economia está aquecida demais, o Federal Reserve (o Banco Central americano) demora mais para cortar os juros. Juros altos por mais tempo significam dólar mais forte, bolsa pressionada e investidores mais cautelosos.
É como se o mercado tivesse se programado para uma festinha com refrigerante e salgadinho, mas o Fed avisou: “Segura a onda, não é hora de abrir o champanhe ainda”. Resultado: azedume geral.
2. 🇧🇷 Política no Brasil: O "não" de Tarcísio e o humor do investidor
Se lá fora o mercado tropeçou no PIB americano, aqui no Brasil a pancada veio da política. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, disse que não será candidato à Presidência em 2026. Parece detalhe, mas mexe fundo com a percepção dos investidores.
Explico: muitos agentes de mercado viam em Tarcísio uma possibilidade de mudança no rumo da condução econômica do país. Ao anunciar que busca apenas a reeleição em SP, e ainda por cima reforçar que não tem aval de Bolsonaro para concorrer, os investidores leram como: "vai demorar mais para termos uma alternativa competitiva que dialogue bem com o mercado".
Esse tipo de declaração afeta a confiança. Afinal, o mercado é movido tanto por números quanto por expectativas. É como aquele namoro que você acha que pode virar casamento, mas de repente a pessoa fala: “não, não, por enquanto eu só quero curtir o presente”. O investidor fica inseguro, o dólar sobe, a bolsa cai e a ressaca política bate.
3. 🏭 Ambipar: Do céu ao inferno em um pregão
Se a novela política já estava puxada, o episódio da Ambipar foi digno de série da Netflix com final de temporada dramático. A empresa, que é referência em gestão de resíduos, viu suas ações caírem 24% em um único dia após pedir tutela cautelar para suspender execuções – movimento que costuma antecipar um pedido de Recuperação Judicial.
E não parou aí: no intraday, os papéis chegaram a cair 51%. Isso não é volatilidade, é montanha-russa sem cinto de segurança.
O pano de fundo: a companhia tem R$ 10 bilhões em dívidas, perdeu R$ 4 bilhões em valor de mercado em apenas um pregão e enfrenta uma cobrança agressiva dos bancos, liderada por um título de US$ 550 milhões com o Deutsche Bank. A questão virou uma bola de neve. Quando um banco exige garantias adicionais, a notícia se espalha e os outros também querem ser pagos. Como dizia George Soros, a percepção cria a realidade: se todo mundo acreditar que a empresa tem problema, o problema passa a existir de fato.
Moral da história: em mercado financeiro, confiança é ativo. Quando ela some, não há balanço que segure. A Ambipar, que abriu capital em 2021 surfando a onda ESG, agora é exemplo do quão rápido a maré vira.
4. 📉 Juros, Inflação e o Galípolo Style
Enquanto isso, o Banco Central brasileiro tenta equilibrar pratos, pelo menos é isso que seu presidente, Gabriel Galípolo, vem tentando transmitir para o mercado.
Ele afirmou que o COPOM vai definir a duração do período de juros altos conforme os próximos indicadores econômicos. A meta de inflação segue em 3%, e o BC projeta que chegaremos perto disso só em 2026 (3,6%) e 2027 (3,2%), vindo de 4,8% este ano.
Traduzindo: o juro alto veio para ficar mais um tempinho, porque a inflação ainda não está domesticada como gostaríamos. O BC prefere pecar pelo excesso de cautela do que deixar a inflação escapar e virar novela de novo.
É como correr uma maratona: você não acelera demais no km 30 porque sabe que pode quebrar. O BC, no km 30 da corrida contra a inflação, está controlando o pace para não desmoronar perto da linha de chegada.
5. 🚔 Crime, Tecnologia e o Brasil do Futuro
Dois acontecimentos, aparentemente desconectados, mostram o contraste do Brasil de hoje.
De um lado, a Operação Spare da Polícia Federal, desdobramento da Carbono Oculto, revelou um esquema bilionário de sonegação de impostos no setor de combustíveis e lavagem de dinheiro. Foram R$ 4,5 bilhões movimentados sem pagar praticamente tributo em cinco anos. O ministro Haddad anunciou a criação de uma Delegacia Especializada da Receita Federal para combater o crime organizado. Sinal de que o Estado quer mostrar firmeza – mas também prova de que o buraco é fundo.
Do outro lado, temos um jovem brasiliense de 25 anos, Mateus Costa-Ribeiro, que já entrou para a história como o mais jovem a fazer mestrado em Direito em Harvard, e agora é fundador da Enter. A startup criou um agente de IA que reduz custos judiciais das grandes empresas ao automatizar análises e defesas em processos de consumidores. Em apenas dois anos, captou R$ 200 milhões com investidores de peso (inclusive o fundador do PayPal) e já está avaliada em R$ 2 bilhões.
Enquanto o crime ainda encontra brechas para lavar dinheiro em combustíveis, a tecnologia brasileira mostra que pode disputar espaço global em inovação. É o retrato perfeito do Brasil dual: problemas do século passado convivendo com soluções do futuro.
🎯 Conclusão: E agora?
O investidor que acordou ontem viu um prato misto:
Lá fora, uma economia americana forte que adia a queda dos juros.
Aqui dentro, política embaralhando expectativas e empresas emblemáticas como Ambipar derretendo.
O BC tentando guiar a economia com juros altos por mais tempo.
Um país que, ao mesmo tempo, combate esquemas de bilhões no submundo e gera startups bilionárias com jovens brilhantes.
É como se o Brasil fosse aquele amigo que tanto pode te dar uma história de boteco inacreditável quanto te surpreender com um insight genial no meio da mesa de bar. Difícil prever o próximo movimento, mas impossível não prestar atenção.
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Até amanhã