- Café com seu dinheiro
- Posts
- Café com seu dinheiro: 30/09/2025
Café com seu dinheiro: 30/09/2025
Ibovespa fecha em recorde no fim do trimestre, mas riscos fiscais, juros altos e incertezas políticas seguem no radar.
Resumo de hoje:
🎢 Recorde do Ibovespa no fim do trimestre
💸 PLOA 2025 e o risco fiscal com PIB menor que o previsto
📉 Juros altos e postura conservadora do Banco Central
🌍 Trump, Gaza e o risco de shutdown nos EUA
🎮 Compra histórica da Electronic Arts por US$55 bilhões
O penúltimo dia de setembro trouxe clima de “fim de campeonato” no mercado: fundos ajeitando carteiras, empresas empurrando custos e o Ibovespa cravando novo recorde com alta de 0,6%, enquanto o dólar recuava para R$5,32. Apesar da euforia, o pano de fundo não é tão animador: o governo apresentou o PLOA de 2025 com projeção de PIB de 2,44%, bem acima das estimativas do mercado (1,8%) e do BC (1,5%). Isso pressiona a arrecadação, já que impostos dependem do ritmo da economia, e pode abrir um rombo de até R$80 bilhões nas contas públicas, complicando a meta de superávit primário. Para completar, o Banco Central deixou claro que não pretende cortar juros tão cedo, mantendo a Selic alta para tentar ancorar expectativas de inflação, algo que segura crédito e investimentos, mas protege contra pressões de preços.
No cenário internacional, o suspense continua. Trump lançou um plano de paz para Gaza que, sem o Hamas na mesa, soa mais como peça de campanha do que acordo viável. E nos EUA, a ameaça de shutdown voltou ao radar, lembrando a confusão de 2011, quando o país perdeu o selo AAA pela primeira vez na história por causa do impasse político. Enquanto isso, o mundo corporativo foi sacudido pelo maior leveraged buyout da história: a Electronic Arts, dona de FIFA e The Sims, será comprada por US$55 bilhões, em operação orquestrada por Jared Kushner com apoio de fundos sauditas e empréstimo do JP Morgan. Ou seja: a bolsa festeja, mas por trás do palco o enredo segue cheio de riscos fiscais, juros altos e disputas políticas que podem mudar o ritmo do samba econômico a qualquer momento.
1. 🎢 O “dia de maluco” no fim do trimestre e o recorde do Ibovespa
Fim de mês e fim de trimestre são como final de campeonato: todo mundo joga no limite. As empresas tentam fechar vendas para bater meta, os gestores de fundo empurram ou aceleram posição para mostrar resultado bonito no relatório, e o mercado inteiro parece dançar um samba de última hora.
Ontem não foi diferente. O Ibovespa subiu 0,6%, alcançando novo recorde histórico. Lá fora, bolsas também terminaram no positivo, embalando essa onda. O dólar, que vinha pressionado nas últimas semanas, recuou 0,31%, acompanhando também a queda do DXY, índice que mede o dólar contra outras moedas globais.
📈 O que isso significa para você?
Se você investe em bolsa, esse é aquele momento em que o portfólio fica bonito na tela do homebroker.
Mas cuidado: parte desse movimento é “foto de fim de trimestre”. Assim como aquela arrumada no quarto antes da visita da sogra, pode não refletir o dia a dia real.
O dólar abaixo de R$5,35 ajuda quem vai viajar ou importar, mas é cedo para achar que ele “se estabilizou”.
O resumo é: a festa da bolsa tá bonita, mas os garçons já estão olhando pro relógio.
2. 💸 O desafio fiscal de 2026 e a matemática complicada do governo
Enquanto o mercado comemorava, Brasília mandou o PLOA 2025, o Projeto de Lei Orçamentária. O problema? A conta foi feita com base num PIB de 2,44% para 2025. O mercado acha que vai ser só 1,8%. O Banco Central, ainda mais cauteloso, fala em 1,5%.
E aqui entra a pegadinha: quando o PIB cresce menos, o governo arrecada menos impostos. Pense como se fosse um comércio: se entram menos clientes na loja, o caixa do final do dia vem mais vazio. O governo esperava 12 bilhões a mais em 2025, mas já perdeu essa expectativa. Se o PIB for mesmo 1,5% em 2026, o buraco pode chegar a 80 bilhões de reais.
📊 Por que isso importa?
O governo tem meta de zerar o déficit (ou quase) no ano que vem, mirando superávit de 0,25%.
Só que ele não fala em cortar gastos. A ideia é sempre “a receita vai crescer”.
Se a economia não colaborar, o castelo de cartas fiscal balança.
E aí, lembra da novela que a gente sempre vê? Receita fraca, gasto alto, dificuldade em bater meta. É o tipo de coisa que pode levar a mais impostos no futuro.
📌 Moral da história: quando o PIB desacelera, não é só empresa que sofre. O governo também entra em modo “cartão de crédito estourado”.
3. 📉 Juros altos, inflação manhosa e o BC jogando duro
Se você achou que a novela fiscal era chata, espere até ver o episódio “BC e a meta de inflação”. Ontem, o diretor de Política Monetária reforçou que o Banco Central não vai dar mole. O foco é trazer a inflação para a meta de 3%, custe o que custar.
O mercado até sonhava com corte da Selic ainda em 2025. Mas já pode acordar: a projeção agora é que os cortes só comecem em 2026.
📌 Olha os números:
DI para 2027: 14% ao ano.
DI para 2029: 13,27% ao ano.
Ou seja, a curva de juros segue alta. Isso desanima investimento produtivo, trava crédito e deixa o jogo pesado para quem precisa de financiamento.
💡 Traduzindo para o bolso:
Bom para quem tem dinheiro aplicado em renda fixa.
Péssimo para quem sonhava com juros mais baixos para comprar casa, carro ou expandir negócio.
Mostra que o BC está mais preocupado com inflação do que com crescimento no curto prazo.
E aqui entra o paralelo com a política fiscal: enquanto o governo aposta em crescimento otimista, o BC já está jogando água fria. É como se Brasília fosse aquele amigo que fala “vai dar tudo certo” e o BC fosse o outro que diz “melhor levar capa de chuva”.
4. 🌍 Trump, Gaza e a geopolítica que balança os mercados
Trump não consegue ficar fora dos holofotes. Ele apareceu ao lado do primeiro-ministro de Israel com um plano de 20 pontos para encerrar o conflito em Gaza. O documento prevê que o Hamas saia de cena, entregue o controle a um comitê tecnocrático palestino e, em troca, todos os reféns sejam devolvidos em até 72 horas.
Bonito no papel. Mas sem o Hamas sentado na mesa, parece mais uma promessa de candidato do que um acordo real.
E como se não bastasse, hoje também é dia de prazo final para o Congresso americano aprovar a elevação do teto da dívida. Caso contrário, rola shutdown. E aqui vai um detalhe curioso: essa regra vem da Antideficiency Act de 1884. Sim, século XIX.
Em 2011, quando a briga foi feia, a agência S&P rebaixou a nota dos EUA de AAA para AA+. Não foi porque eles não tinham dinheiro, mas porque o sistema político parecia travado demais. Ou seja, o risco era político, não econômico.
🌐 Impactos possíveis:
Se o Congresso não aprovar, parte dos serviços públicos americanos para.
Isso aumenta volatilidade nos mercados globais.
E mostra que até a maior economia do mundo pode se enrolar com política interna.
📌 Moral da história: quando você ouvir “shutdown” hoje, não é bug no computador, é bug na política americana.
5. 🎮 O maior negócio da história dos games e o “jeitinho Kushner”
Enquanto isso, no mundo corporativo, rolou a maior compra alavancada (leveraged buyout) da história: a Electronic Arts (EA) vai fechar capital num acordo de US$55 bilhões.
Quem tá no bolo?
O fundo soberano da Arábia Saudita.
JP Morgan, botando US$20 bilhões de empréstimo.
E, nos bastidores, o arquiteto do negócio: Jared Kushner, genro de Trump.
Sim, aquele mesmo.
🎮 Por que isso é histórico?
A EA é dona de títulos como FIFA e The Sims, que moldaram gerações.
Um negócio desse tamanho mostra como o capital do Oriente Médio está cada vez mais presente em ativos globais.
E como política, família e business andam cada vez mais misturados.
💡 Reflexão final: o jogo não é só de videogame. É de poder. E quando tem Trump, Kushner e Arábia Saudita juntos, prepare-se para muito “modo carreira” nos bastidores.
🚀 Conclusão
Hoje, vimos um mercado que comemora recordes no Ibovespa enquanto carrega preocupações fiscais, juros travados e incertezas políticas no Brasil e no mundo. Ao mesmo tempo, lá fora, a geopolítica mostra sua força com Trump em Gaza e no Congresso americano, e os negócios bilionários lembram que o capital não conhece fronteira.
O fio condutor é simples: otimismo de curto prazo e nuvens de médio prazo. O investidor precisa saber dançar entre esses dois ritmos.
E, cá entre nós, economia é isso: um grande samba, às vezes animado, às vezes desafinado, mas sempre com muita gente querendo comandar a bateria. 🥁📊
🖼️ Quer anunciar para os nossos mais de 24 mil leitores? É só clicar aqui.
Até amanhã